Queria arrancar- te um sorriso, mas...
Meus versos são de dor, talvez
Eles trazem nas linhas chorosas
Um canto triste de saudade,
De lembranças coloridas, bem vividas
De infância coroada de inocência
Onde a pureza do olhar menino
Dançava com a menina dos olhos teus
Meus versos são um lamento ...
São letrinhas tecidas por varinha de condão envelhecida
São versos de tortura ... De deserto
A poesia que me sai da alma
É martírio, é um grito em silêncio
Meus versos são numa tela em preto e branco
Buscando um arco-íris perdido na escuridão das recordações
São um jardim sem jardineiro
As flores despetaladas agora voejam sem rumo
Levadas pelo vento que deveria ser apenas brisa que acaricia com mãos de veludo o mundo, meu tudo.
Assim são eles, os meus versos
Assim é o que a saudade lhes faz
Deixa os sonhos acordados
E a noite sem estrelas e
A alvorada que jamais se encanta com os beijos dourados do sol
Meu coração, porém, queria desenhar meus poemas de outro jeito
Colorir os sonhos com cada verso, cada rima que falasse só de alegrias
No compasso da felicidade, entoar um soneto de liberdade
Só para poder olhar em teus olhos
Penetrar em teus pensamentos
E prescrutar teus desejos
Entender tua paixão
Talvez até te oferecer um lírio em forma de beijo, num buquê perfumado
Desvendar teus sonhos para saber o motivo de andares tão triste, assim tão solitário , sem alegrias, sem um sorriso...
Eu queria, se pudesse, roubar-te por um instante
Eu queria, se tivesse o poder dos anjos
Aconchegar -te em meus braços
Enlaçar-te num gostoso abraço
E, quem sabe, minar teu carinho
E meu sorriso emprestar - te
E, finalmente, arrancar-te um sorriso !
Edla Marinho
07/08/2025