Estou nesta prisão perpétua,
forçada a caminhar entre raposas
e parasitas.
É como viver a tortura
de um psicopata sanguinário.
Odeio sentir-me tão vulnerável
perante essa plateia de predadores,
como se estivesse num mar
cheio de tubarões famintos.
Afogo-me num oceano de lágrimas salgadas,
enquanto o desespero me suga para o fundo.
Não quero que vejam minha praia seca,
repleta de cadáveres.
O cheiro podre invade minhas narinas,
morte fresca.
Queria entender
por que minha praia secou tão rápido...
Às vezes, um corvo vem me visitar.
Sempre abro as janelas para ele.
Ele me encara com profundidade
e vejo o vazio em seus olhos
se expandindo, mais e mais.
Ignoro o vazio que sinto
e me aproximo dele.
Sempre sinto minha energia ser sugada,
mas ele é meu amigo... certo?
O vazio dele irá me preencher.
E, por um instante,
a prisão já não parece tão ruim.
Ainda sinto o medo correr pelo meu sangue,
mas também a esperança
brilhar em meus olhos,
junto à tensão reprimida no meu corpo.
Será que consigo escapar?
Posso me juntar aos parasitas
e continuar limpa?
Posso andar entre as raposas
sem ser enganada?