Os Eus que Morrem
07-08-2025
Se nesse mundo já morreu um dos meus,
meus seres, minhas almas que já se foram e eu vi nascer,
entre tantos \"eus\", são várias loucuras —
e um caos em minha mente e em meu ser.
Realmente, é muito confuso.
Nessa vida, parece até que nasce apenas um de nós,
mas não…
nascem vários de nós —
e também morrem vários de nós.
Já fomos versões românticas, de ódio, de paz, ligeiras,
já vivemos tantas e tantas emoções…
tudo isso em tão pouca vida.
Mesmo sendo um jovem errante de minhas ações,
carregando minhas dores
e os versos dos meus poemas,
sei — e já vivi o bastante — para compreender este mundo.
Observo que, com o passar dos dias,
não é só gente que morre,
mas também os \"eus\" de cada um.
E esses \"eus\" das pessoas vão sumindo,
morrem de repente —
e, ironicamente, ninguém percebe.
Só aceitam.
Cadê os sentimentalistas?
Cadê os dramáticos e sofridos por tantas emoções vividas?
Em suma, é preciso relembrar
que já fomos tantas pessoas com tantos sentimentos.
Mas o mais triste é a falta de compaixão,
de empatia entre nós e os nossos próprios \"eus\".
Sim, você já foi outro ser,
já sentiu outras coisas.
Por que ignora isso?
Por que rejeita tudo o que foi,
e se torna como um pai que abandona o próprio filho?
Cria vários filhos bastardos de si mesmo.
Só de observar isso da varanda da minha casa,
como um velho senhor,
me pergunto:
por que tanta ignorância num só mundo
e com tão pouca gente?