Era fim de tarde, sol escorrendo,
e a gente corria, nem vendo o tempo.
Pé no chão, riso solto, alma leve,
\"Peguei você!\", e o mundo se mexe.
Desviei da árvore, do cachorro e do poste,
o coração batia como quem se aposta.
\"Não vale colar!\", gritava alguém esperto,
mas colava sim, fingindo que era perto.
Menina de trança voando no vento,
menino descalço com o joelho sangrento.
Ninguém ligava, dor era detalhe,
o que importava era quem escapasse.
Rodávamos juntos, feito redemoinho,
esquecendo do tempo, da fome, do ninho.
Tocava no ombro, num salto de riso,
e tudo recomeçava, sem nenhum aviso.
Hoje olho a rua, tão quieta, tão parada...
Cadê os gritos, a alma encantada?
Mas se fecho os olhos, ainda posso ver:
correndo em mim, aquela vontade de viver.
7 ago 2025 (13:43)