vampiro.poeta

o sol jamais poente

\"É uma via de abandono total, um mergulho selvagem nas forças primordiais que habitam o corpo e a mente.\"

 

Consigo ver um rio calmo, largo, a correnteza nao é arrebatante, é fluido, a corrente segue um fluxo claro mas nem todos se atrevem a navegar nesse rio: Os pés nao encostam no chão. Há pedras que talvez de pra se apoiar mas sao escorregadias, e o contato com elas pode ter um fim súbito.

São imprevisiveis os seres que habitam esse rio, mas parecem viver em harmonia entre si, apesar da imprevisibilidade aos que observam as vezes seguem padrões, só para provar sua ineficacia momentos depois

O sol sempre a se pôr. Há sempre o sentimento de que a noite virá, que em um momento o dia começará denovo, mas esse momento nunca vem

 

— Já é tarde para recomeços —o sol poente diz, sem nunca se pôr — ainda é cedo para acabar — ele conclui

 

o sol poente brilha, refletindo no rio e iluminando as plantas da margem

 

— Algumas flores nao abrirão mais — o sol poente diz — elas abriram quando as vi de cima, são vaidosas demais para abrir agora

 

E sob o sol poente os animais do rio continuam a me surpreender, as pedras continuam a ser escorregadias e a agua continua calma, o sol continua a não se por, e eu continuo a molhar os pés no rio, pensando se eu me supreenderia se passasse a fazer parte das aguas calmas e deixasse o aquario turbulento que faz a mesma coisa todo dia

 

se faço a mesma coisa todo dia, sou capaz de mergulhar?