Similton Fidelino

Sol a peneira

 

Tua pele cheira a sol de Inhambane,  
mistura de suor com maré cheia,  
teus beijos têm gosto de matapa quente  
e teus gemidos, o som de uma marrabenta feia.  

Te encontrei entre os lençóis da caniço,  
onde o mosquito parou só pra ver,  
teu corpo dançava como quem reza,  
com a anca a prometer o prazer.

Mãos tuas — marfim que me enlouquece,  
deslizam como rio sobre meu chão,  
me lambes o peito com língua de fogo,  
e chamas meu nome com fome e paixão.

És mulher de marrabenta no quadril,  
de maxixe na língua, de fogo no olhar.  
Me possuis como se fosses feitiço,  
e eu, um tolo, sem querer escapar.

Na palhota, o barulho do prazer ecoa,  
mais forte que batuque em noite de luar,  
os lençóis suam tua essência boa,  
que nem banho de rio vai me lavar.

E quando a manhã nos encontra cansados,  
nus, com cheiro de sexo no ar,  
sorrimos como quem roubou o mundo,  
sem pedir desculpa, sem precisar falar
Similton Fidelino Bambo