Tua pele cheira a sol de Inhambane,
mistura de suor com maré cheia,
teus beijos têm gosto de matapa quente
e teus gemidos, o som de uma marrabenta feia.
Te encontrei entre os lençóis da caniço,
onde o mosquito parou só pra ver,
teu corpo dançava como quem reza,
com a anca a prometer o prazer.
Mãos tuas — marfim que me enlouquece,
deslizam como rio sobre meu chão,
me lambes o peito com língua de fogo,
e chamas meu nome com fome e paixão.
És mulher de marrabenta no quadril,
de maxixe na língua, de fogo no olhar.
Me possuis como se fosses feitiço,
e eu, um tolo, sem querer escapar.
Na palhota, o barulho do prazer ecoa,
mais forte que batuque em noite de luar,
os lençóis suam tua essência boa,
que nem banho de rio vai me lavar.
E quando a manhã nos encontra cansados,
nus, com cheiro de sexo no ar,
sorrimos como quem roubou o mundo,
sem pedir desculpa, sem precisar falar
Similton Fidelino Bambo