Tomei morada
Dentro das paredes molhadas
E salgadas do mar
Que é sua casa
Você fez questão de construir
Bem dizeres carinhoso
Enviá-los dentro de saborosas
Bolhas de água
Para me encontrarem e me beijarem
Do jeito preterido por você
Percebi, no entanto
A dissonância
Entre a dança dos seus lábios
E as notas em formas de sílabas
Saídas de sua boca
Essa dúvida, desconfiança
Disparou em mim
Fúria flamejante
Que secou todo o mar
Em nossa volta
E todas as tentativas suas
De tentar enfeitar, embelezar
Eufemizar seus dizeres
Ao fim, te observei
Suplicando por ar
Enquanto não conseguia esconder
As palavras maldosas e indesejáveis
Endereçadas a mim
E te deixei afogar
Neste seco oceano de realidade
Abandonada pela ilusão molhada
Criada por você
Junto com seus secos dizeres