Teu corpo começa onde o juízo termina,
Na curva que acende a febre mais fina.
Desenha no ar um convite indecente,
Um vício que pulsa, moroso e ardente.
Dois frutos firmados no topo do cio,
Que os olhos devoram num lento arrepio.
Movem-se em dança que não se ensaia,
Num vai e vem que o desejo incendeia.
É linha de fuga, é chama que escapa,
É gozo contido na forma mais tapa.
Balança o sentido, provoca o querer,
E faz da visão um motivo pra gemer.
Se andas à frente, o mundo te segue,
O ritmo das coxas no ar se escreve.
Tua bunda — muralha, convite, pressão —
Poema que explode na palma da mão.