Vieste como quem conhece o caminho do incêndio,
E a noite se fechou em rendas pálidas e promessas.
Minha voz cedeu ao murmúrio entreaberto,
Enquanto o tempo se dobrava ao ritmo da tua ânsia.
Teu ventre arqueou como flor em vertigem,
A aurora brotou, úmida, no contorno da pele,
E o temor suave do início se dissolveu no calor
De um toque que jurava atravessar o próprio dia.
O desejo impôs-se, febril e inevitável,
Um arrepio riscou a espinha em brasa,
E teu gesto cravou-se em mim, sem aviso.
Teu gemido calou-se no limite da renda,
Enquanto o gozo me puxava para dentro de ti —
E tua pele se fez prisão e céu, na febre da entrega.