## Sindicatos da Maré Cheia
*(Claudio Gia, Macau RN, 03/08/2025)*
Na maré alta dos anos sessenta,
Erguiam-se mastros no cais da luta:
Sindicato dos **Salineiros** — força bruta,
Rosto queimado de sol e contestação.
**Estivadores** no Porto do Rio,
Carregavam fardos e o próprio destino.
**Marítimos** na rede da maré,
Tecendo direitos no largo pé.
**Práticos** no leme da reivindicação,
Guiando navios e a própria nação.
Cada bandeira, um grito no ar,
Cada assembleia, um passo no mar.
Braços cruzados, portas fechadas,
Nas docas, nas salinas, nas águas salgadas.
Era o tempo em que o **sindicato** era âncora,
Bússola de braços na luta sonora.
Mas na Ilha do Sal, sob o sol inclemente,
Onde o cristal branco arde na fonte,
Onde o suor traça mapas na pele,
Um silêncio persiste na névoa do sale:
Nunca nasceu, nem ontem nem hoje,
O **Sindicato dos Trabalhadores do Sal**!
Ah, Rio Grande do Norte!
Tens o ouro branco, tens a riqueza extrema,
Mas falta a voz que se erga e se tema,
Falta a coluna, falta o bastião
Que una o clamor do chão de Macau,
Dos que carregam o sal e o fardo,
Sem um sindicato por teto e estandarte.
Os antigos sindicatos — forte memória!
São faróis na noite da nossa história.
Mas nas salinas, o vento ainda pergunta:
*\"Quando virá a maré alta, a juntura,
O sindicato que o sal mereceu?\"*
Enquanto isso, o sol seca o suor...
E o sal, puro e forte, ainda espera
Pela voz unida na fronteira.