Francisco Claudio da Costa (Claudio Gia)

Poema: \"Deus Vê os Corais que o Homem Esqueceu\"

Poema: “Deus Vê os Corais que o Homem Esqueceu”

Autor: Claudio Gia – Macau RN

Deus pintou com luz o oceano,
com pincel de pura criação,
fez corais no fundo do abismo,
milagre em cada formação.
Mas o homem virou o rosto,
e enterrou sua compaixão.

Lá no Baixo de João da Cunha,
há um templo sob o mar profundo,
onde peixes fazem orações,
e as cores vestem o mundo.
Mas quem devia proteger,
fecha os olhos, fica mudo.

Eu me lembro da travessia,
de Macau até Icapuí,
de canoa, alma nas mãos,
na coragem que havia ali.
Uma lapada do mar bravio
quis me mostrar o porvir.

A canoa quase afundava,
mas Deus segurou minha fé,
e o banco de coral sagrado
me mostrou o que ainda é.
Milagre vivo e esquecido,
nobre como José.

Ó órgãos de Meio Ambiente,
acordem desse abandono!
O segundo maior banco vivo
não é resto nem entulho do trono.
É riqueza do Rio Grande,
é herança, não é dono!

Preservem o que Deus nos deu,
não deixem o mar calar.
O coral não grita por socorro,
mas o céu está a chorar.
E o dia que for embora,
não vai mais voltar.