Mayara Leite

DESATANDO NÓS

Há nós que precisam ser desatados,

nós dos sentimentos emaranhados,

das palavras que ficaram entaladas na garganta,

das memórias que insistem em prender o presente.

São nós que se formam no silêncio prolongado,

no abraço que não veio, na espera que se cansou.

 

Desatar não é esquecer,

é olhar com ternura para o que foi vivido

e escolher seguir sem peso de carregar tudo.

É reconhecer que alguns laços só apertam,

mas não unem.

 

Há nós que se desmancham com um gesto,

outros com o tempo, alguns com lágrimas,

e os mais profundos, com o perdão.

 

Desatar é também libertar-se

do que machuca e do que não cabe mais.

Desatamos certos nós em silêncio, na solidão corajosa.

Mas há aqueles que só se desfazem na partilha,

quando o coletivo acolhe.

 

Desatar é abrir espaços dentro de si

para que o novo entre leve,

e o coração, enfim, possa respirar em paz.