Há nós que precisam ser desatados,
nós dos sentimentos emaranhados,
das palavras que ficaram entaladas na garganta,
das memórias que insistem em prender o presente.
São nós que se formam no silêncio prolongado,
no abraço que não veio, na espera que se cansou.
Desatar não é esquecer,
é olhar com ternura para o que foi vivido
e escolher seguir sem peso de carregar tudo.
É reconhecer que alguns laços só apertam,
mas não unem.
Há nós que se desmancham com um gesto,
outros com o tempo, alguns com lágrimas,
e os mais profundos, com o perdão.
Desatar é também libertar-se
do que machuca e do que não cabe mais.
Desatamos certos nós em silêncio, na solidão corajosa.
Mas há aqueles que só se desfazem na partilha,
quando o coletivo acolhe.
Desatar é abrir espaços dentro de si
para que o novo entre leve,
e o coração, enfim, possa respirar em paz.