Perguntei ao Oráculo:
É possível amar todas elas?
Ele responde: sim.
Uma das vozes internas proclama:
— Serzinho vil e egótico!
Se considera tão especial a ponto de tal absurdo?
Acuada em um canto, sob a luz que cega,
me espremo no chão da culpa,
na inevitável existência de quem sou.
Reflito, pondero,
e então ergo e declamo:
— Mundinho vil e egótico é o seu!
Onde tudo que amas, nomeia e possui.
As amo na natureza do que são,
e nesta reverência colossal, maior que eu mesma,
não possuo.
Em um revés absolutamente supremo,
realizo:
Todas me possuem.