simone carvalho dos Santos

InsistĂȘncia

Há dias...

em que o mundo atravessa...

não com força, mas com desgaste.

com cansaços antigos que não se explicam.

 

E ainda assim...

desaba em mim um peso antigo que não consigo decifrar...

mas carrego.

Algo em mim permanece em estado de vigília.

 

Não é milagre.

Nem fé de vitrine.

É um senso íntimo de direção que se recusa a recuar.

É a escolha silenciosa de continuar mesmo sem plateia...

é o gesto miúdo de existir quando ninguém nota.

 

Não aprendi a vencer com medalhas.

Aprendi a prosseguir sem aplausos.

Aprendi a resistir em silêncio.

Aprendi a ser pensamento onde só se aceita barulho.

 

Meu corpo recua...

mas minha consciência não.

Meu cansaço pesa...

mas não me desliga da busca.

 

Guardo questões que não se calam...

e mesmo sem respostas, sigo.

Porque viver, ás vezes, é apenas isso:

manter acessa a centelha que o mundo tenta apagar.