Cada sol que nasce é página nova,
pra escrever no caderno da vida.
Não precisa caligrafia bonita,
nem palavras decoradas de poesia.
Basta o gesto pequeno —
feito água que corre entre pedras —
o toque que fala onde o silêncio mora,
o olhar que alcança onde a fala tropeça.
Presença firme, como raiz em terra molhada,
acolhe sem pedir licença.
No outro, vemos flor e espinho,
força que levanta, dor que ensina.
Juntos, erguemos um lar que respira,
feito de escolha e chão dividido.
Amar é seguir plantando com paciência,
como quem sabe que a colheita
chega no tempo dos ventos certos.
Assim, de gesto em gesto,
a história se borda sem pressa.
É livro sem luxo, mas cheio de alma —
onde o comum é o milagre.
E o tempo, esse velho contador de segredos,
não apaga o que foi vivido de verdade.