Luana Santahelena

O Caderno do Viver em Comum

Cada sol que nasce é página nova,

pra escrever no caderno da vida.

Não precisa caligrafia bonita,

nem palavras decoradas de poesia.

Basta o gesto pequeno —

feito água que corre entre pedras —

o toque que fala onde o silêncio mora,

o olhar que alcança onde a fala tropeça.

 

Presença firme, como raiz em terra molhada,

acolhe sem pedir licença.

No outro, vemos flor e espinho,

força que levanta, dor que ensina.

Juntos, erguemos um lar que respira,

feito de escolha e chão dividido.

Amar é seguir plantando com paciência,

como quem sabe que a colheita

chega no tempo dos ventos certos.

 

Assim, de gesto em gesto,

a história se borda sem pressa.

É livro sem luxo, mas cheio de alma —

onde o comum é o milagre.

E o tempo, esse velho contador de segredos,

não apaga o que foi vivido de verdade.