Enfermo,
de sentir um odor —
que odor?
Um cheiro de dor,
de uma lembrança de algo,
de um ser,
quando eu nem sei se sou algo.
E você,
sim, você que lê,
o que te faz querer sentir
e logo desfazer?
Relembrar,
agarrar,
amar...
ou se amargurar?
É confuso, é fatigado,
me perco em ideias opacas.
Não sei o que faço neste buraco.
Às vezes,
com restos de tabaco,
fumo e fumo e fumo...
para me afogar e calar
a mente,
até que minha sombra
fique ausente.
Só assim,
as lembranças se calam,
e o mundo, por um instante,
parece sem dor —
mas ainda dormente,
e é nele que tenho que viver.