Da mesma gota,
A mesma água,
Inerte,
Desnutrida.
De fora,
A gratidão é imposta,
A amar e saciar-se,
Do mesmo gosto
Roxo,
Insípido.
O mesmo hoje
Será o mesmo amanhã.
Ontem e agora
Já não colorem mais
Meu maquinado existir.
Todos os dias
Anseio pelo descanso,
Ergo-me em cansaço.
Sem rotina,
Não teria vida,
E com ela,
Tenho a morte.
Sou parte do mecanismo,
Do sistema,
Da cápsula.
A cada dia,
Mais inútil a todos,
Aos poucos
Sendo trocada
Por um olhar mais fugaz
E mentiroso.
O oculto me consola,
Esperança,
À uma luz que,
Há muito
Ressoa queimada.
Substitua-me!
Troque-me!
Acenda meu fusível
Em um novo propósito
De queimar!
Fossem os dias,
Somente dias,
Ansiaria ao Criador
Meu descanso eterno.
No cotidiano,
Necessito de fugas.
Sou triste,
Incompreendida,
Dispensável.
Ser mais uma célula,
Como qualquer outra
É o caos aquariano
De uma calmaria
Mais do que normativa
Terrestre.