BODAS DE CORAL
Trinta e cinco anos, hoje.
Quando assumimos o compromisso
de caminhar juntos, éramos muito jovens.
Não sabíamos o que estávamos prometendo,
o que nos seria exigido em trabalho e paciência,
em desprendimento e coragem.
Com a frágil garantia do nosso amor,
empenhamos o futuro e saímos para a vida.
Quantas vêzes mudamos nossos planos,
corrigimos nossos rumos? Mas sepre juntos.
De alguma forma, com erros e acertos,
soubemos caminhar de mãos dadas
até a tranquila margem da idade madura.
Com alegria contemplamos
a parte da nossa obra que todos podem ver:
o nome honrado, os filhos bons e decentes,
o padrão de vida digno, o respeito e a amizade
dos que nos rodeiam.
Mas com secreto orgulho curtimos a obra particular,
que só nós sabemos: as dificuldades vencidas,
os ajustes conseguidos, os defeitos vencidos a dois,
o crescimento de cada um como pessoa,
em contato com as qualidades do outro.
E o convívio, que não é o ajuste perfeito
de duas engrenagens que funcionam bem, acopladas,
sem valor nenhum fora do mecanismo.
O convívio feliz, que é uma harmonia
profunda e inabalável entre duas pessoas,
que têm sua própria feição e seu próprio valor,
mas que se ajustam a cada momento,
obedecendo ao ritmo mutante da vida.
Há trinta e cinco anos,
queríamos viver muito tempo juntos.
E hoje, nos basta a mesma coisa:
viver mais tempo juntos.