L. Wagner Saraiva

O tempo

O tempo tece horas 

Como fios que passam por uma agulha,

Desenha marcas no chão,  

Beija a pele levemente,

Como um barco sem vela ao vento.  

 

A manhã é dourada, tão clara,  

Mas escorre entre os dedos,  

E o que era flor se faz memória,  

Pétalas caídas no relógio.  

 

Ah, tempo, belo ladrão,  

Que me encantas com teus dias,  

E me assombras com teus números,

Quantos ainda me restam?  

 

Passas devagar na espera,  

Rápido no abraço,  

E quando olho para trás,  

É só saudade em forma de espelho.  

 

Deixa-me amar teu agora,  

Antes que o agora vire ontem,  

Antes que o outono chegue  

E varra meu jardim de silêncio.