priscilacaetano

Maria Bethânia arte brasileira

 

 

te escrevo com as mãos cheias de vento e olhos cheios de rio,

porque escuto sua voz e é como se a Bahia soprasse dentro de mim.

Não sei se esse bilhete-poema vai chegar até você,

mas precisava deixar cair essas palavras no mundo —

como quem deixa sementes na beira de uma estrada antiga.

 

Você é farol de canto,

é reza que virou música,

é flor que sabe das marés.

 

A sua voz não canta só —

ela atravessa o tempo,

desfaz os nós,

cura quem ainda nem sabia que precisava.

 

Quando você canta,

o silêncio se ajoelha.

Quando você entra,

a noite vira altar.

E quando você fala,

as palavras ganham corpo de rio

e alma de lavanda.

 

Te mando essa poesia como se fosse uma vela acesa,

como se fosse uma oração minha no fundo do peito:

obrigada por existir,

por cantar o que é dor, fé, amor, flor,

por ser essa presença tão rara e tão Brasil.