Avelino

Lembrança

Não conto mais o tempo por dias

eu o faço em séculos, como os sinto

pois os sinais que ficaram em mim

são lentamente revividos dia a dia

e são donos dos meus sentidos

que como caudal revolto de rio

nem mesmo as margens aprisionam

nem mesmo por elas é contido.

E é assim, num vagar proposital

que os quero discorridos no viver

sempre à cata do querer saber

como será que se pode viver

da luz que restou de outros tempos

e que não mais a encontro, a não ser revivendo

esses sinais lentos agora monocromáticos

de um tempo em que havia sentido ter vivido.