Não conto mais o tempo por dias
eu o faço em séculos, como os sinto
pois os sinais que ficaram em mim
são lentamente revividos dia a dia
e são donos dos meus sentidos
que como caudal revolto de rio
nem mesmo as margens aprisionam
nem mesmo por elas é contido.
E é assim, num vagar proposital
que os quero discorridos no viver
sempre à cata do querer saber
como será que se pode viver
da luz que restou de outros tempos
e que não mais a encontro, a não ser revivendo
esses sinais lentos agora monocromáticos
de um tempo em que havia sentido ter vivido.