eu vi deus no momento que entrei nela.
não o deus das igrejas,
o meu.
feito de carne, de orgasmo e gemido.
ela deitou, abriu as pernas e me olhou.
não pediu.
não mandou.
só me viu.
e eu me senti escolhido.
testemunhei a cena inteira como quem vê a própria alma num espelho sujo:
minha cintura empurrando, o som molhado preenchendo o quarto,
a respiração dela presa na garganta,
meu nome dito entre dentes,
e a porra da certeza de que era ali.
era nela.
era com ela.
segurei o pescoço dela como se segurasse minha sanidade.
com força, com fé.
ela arqueava o corpo toda vez que eu cravava os dedos,
e eu obedecia.
porque o prazer dela virou minha lei.
em um momento
ela se virou de costas,
rosto na parede, mãos apoiadas,
o corpo pedindo, o quadril buscando,
e eu ali, encaixado, inteiro, quase fora de mim.
como se só aquilo existisse.
quando ela goza,
é como se eu nascesse de novo.
no corpo dela.
na pele dela.
na entrega crua de quem me quer com tudo.
não quero mais ninguém.
só ela.
até o fim.
até depois do fim.