Chegou pela estrada de pó e luar,
A caravana a cantar sem temer,
Com roda, fogueira e olhar a brilhar,
Trazendo a cultura que encanta o viver.
A cidade estremece, começa a acolher.
As crianças correm, olhos em festa,
Seguem tambores, vestidos a rodar,
Querem saber dos cavalos, da seresta,
Do povo que dança sem nunca parar —
O encanto é cigano, difícil explicar.
Moças se enfeitam com fitas no cabelo,
Ansiosas por ver a velha cigana,
Que lê nas cartas o futuro mais belo
Ou fala de amores vistos na chama,
Sussurra segredos que o destino emana.
Há cheiro de mirra, de pão e jasmim,
No ar uma música doce e encantada,
É noite de estrelas e vinho sem fim,
Onde cada alma se sente abraçada,
Na dança que a vida nunca nega nada.
E assim segue o povo, livre e errante,
Deixando saudade, cor e emoção,
Por onde passa, é sempre vibrante,
Levando consigo a antiga canção
Do povo que vive com o coração.