Marçal de Oliveira Huoya

Eremita

“No fundo das prisões, o sonho não tem limites, a realidade nada refreia” (Albert Camus)

 

Prega no deserto

Numa língua estranha

Incompreensível 

Eremita invisível vagando pela festa

Sua areia escorre

Enquanto não morre

Ampulheta sob seus pés

O tempo que lhe resta

Prossegue

Onda que se arremessa no rochedo

E reflui com sobriedade

De manhã cedo

Caminha de um horizonte a outro

Sísifo de seu destino

O que lhe salva é o sonho

O transe, o devaneio

Imerso nos sedutores e envolventes

Eflúvios da impossibilidade 

Norte nessa monótona paisagem

Não uma viagem

Mas um sorteio...