Teus segredos escorrem como vinho dionisíaco,
nos lábios que mordem verdades profanas;
te chamo de amiga — mas em ti habita
a ninfa que invoco em noites insanas.
Teus dedos passeiam em minha imaginação
como Platão entre ideias e carne —
amizade? Um véu tênue demais
pro que tua pele em mim disfarce.
És confidente e chama,
minha Safo moderna em lençóis de silêncio.
Tuas palavras me penetram
com a volúpia de um verso indecente.
E quando me olhas sem dizer,
sou templo profanado por tuas vontades —
porque entre nós, o sagrado e o sujo
copulam em doces cumplicidades.