Versos Discretos

Lascívia em Tom Secreto

Teus cabelos — labirinto de noite molhada —
descem selvagens até o vale do peito,
ali onde o mundo se curva, em cilada,
ao toque febril do desejo perfeito.

Tua boca — rastro escuro de luxúria —
é fruta mordida, latejo e sentença.
Beija como quem arranca da penúria
o grito rouco que do prazer dispensa.

Teus seios, erguidos como preces impuras,
se oferecem à língua como altar de fome.
Cada suspiro teu, em brandas loucuras,
faz da minha sede um homem sem nome.

E no sul do teu ventre, onde tudo escorre,
tua flor se abre em chamas, orvalhada e crua.
Ali, entre gemidos onde o pudor morre,
nasce o inferno — e eu imploro por tua carne nua.