E de novo,
você invade meus pensamentos,
rouba meu sono,
acelera meu peito
e me deixa cercado de saudades —
mesmo quando está virtualmente presente.
É como se cada parte de mim
te chamasse em silêncio.
Você é presença que nunca vai embora.
E quando tento te esquecer,
quando me arrisco a dizer \"deixa pra lá\",
a vida vem e esfrega teu nome nos meus dias:
uma música, uma cor,
um gesto,
uma risada que soa como a tua.
E lá estou eu de novo —
entregue ao puro sentimento,
à poesia que é te lembrar.
\"Será que ele está bem?\"
\"O que será que ele está fazendo?\"
Enquanto tento não pensar,
não sentir,
não me importar,
me vejo ainda mais atento aos detalhes
que te fazem especial pra mim.
Nadar contra essa correnteza é quase impossível,
e a vida, cruel e bela,
me inunda com um dilúvio de você.
Por segundos — um, dois, trinta —
estou ali de novo:
sentindo teu cheiro,
teu abraço.
Hoje, respeitei uma ausência
sem notar que fui eu quem construiu o silêncio.
E é aí que penso mais.
Ainda faltam algumas tábuas
na ponte que liga a gente.
Mas elas virão com o tempo.
Não há nada de errado em consertar buracos
com conversa e respeito.
E também não há mal algum
em ficar ali, na ponta inacabada,
contemplando você do outro lado —
lindo, inteiro, radiante como o sol.
Às vezes, você me queima.
Mas é inegável:
há uma beleza imensa na tua alma.
Na sombra que você projeta,
o que eu vejo é medo,
e não falta de confiança.
E, devagar,
te ensinarei que não precisa ter medo de se entregar.
Assim como eu aprendo
a não temer me queimar.
Você é o sol.
E eu serei a luz suave da lua cheia,
te trazendo repouso ao fim do dia.
Independente de tudo,
o amor ainda flui — em abundância.
Mascalma...
eunão esqueci:
a mutação já começou.
Não será da noite para o dia.
Mas ela virá.
E eu ainda serei teu descanso, teu porto seguro.
E você, meu guia.
E seremos assim...
até o nosso fim.