Eu não sou mais como árvore,
Não crio raízes...
Não finco raízes,
As minhas raízes foram extirpadas,
Elas foram erradicadas,
Arrancadas, extraídas,
Queimadas, destruídas...
Eu não tenho casa,
Eu não tenho lar,
Em seu duplo sentido,
Casa é a construção,
E lar é a família...
Mas eu nada tenho,
Não tenho casa,
Não tenho família...
Posso até comprar uma casa luxuosa,
Mas eu não terei lar,
Porque não tenho família...
E em sentido inverso:
Eu poderia ter uma família,
Mas não ter uma casa...
Mas o fato é que pergunto:
A vida serviu para quê?
Ninguém sabe, ninguém viu,
Ninguém pode explicar...
Serviu pra nada!
E me pergunto:
Qual foi meu erro?
Qual foi meu único erro?
E respondo:
Foi ter existido!
E me parafraseando dos anos 90:
“não existe razão pra existir a existência”!
E meu único alento e suspiro é que falo:
“A minha parte eu fiz”!
Mas serviu pra nada!
E assim, a cada novo ano,
Novo endereço, nova casa,
Novo lar, nova cidade,
Novo recomeço,
Mas é só um novo lugar...
A vida se resume a isso,
Partida e chegada...
E como falei anteriormente,
Entrei no túnel
E vi a luz no seu final,
Mas a luz era o trem
Que veio a me arrebatar...
O choque foi grande, violento,
E não sei onde estou,
Mas preciso me encontrar ou reencontrar...
E que os ventos da mudança,
Que tanto espero,
Venham logo, já no fim da vida...