Poema: Sanfona de Vital Domingo
(Cláudio Gia, Macau RN, 15/07/2025)
Vital, não chores, não,
Que a sanfona fala mais alto,
Enquanto os ventos de Carnaúbas
Teimam em passar calados.
Se os políticos não te enxergam,
É porque a luz te cobre demais,
Teu fole abre caminhos de esperança,
E teu som ecoa por outros cais.
Na beira da praça vazia,
Teu canto enche o ar de amor,
E cada nota, Vital, é poesia,
Que consola tua alma de cantador.
Deus te vê, na calma do sertão,
Te dando força pra tocar sorrindo,
Porque tua sanfona é oração,
E teu destino, Vital, é ir seguindo.
Não fiques triste, meu amigo,
Teu dom é semente no chão,
Enquanto tocas, és abrigo,
És música viva no coração.
Pois quando a noite cai serena,
E o silêncio tenta se impor,
A sanfona de Vital, tão pequena,
Transforma a dor em puro amor.