Dois astros, sim, mas de carne morna —
não giram em céus, mas no centro do vício.
São os alvos montes onde o pecado reza,
e onde a fé do toque encontra seu ofício.
Cada aréola é um sol oculto,
desenhado à mão pelo delírio divino.
E sob minha boca faminta de templo,
pulsam, sagrados, em ritmo clandestino.
Ali, a saliva vira oração pagã,
e os dedos — monges profanos — peregrinam.
Tão firmes, tão plenos, tão indecentes de beleza,
que fazem da luxúria um rito que redimem.
Ah… não os vejo apenas,
eu os pressinto: no escuro, no sonho, no gozo.
Pois há neles um segredo que me consome —
e que só se revela entre dentes e desejo.