Eu não sabia
que a vida corria tão depressa.
No quintal de casa,
o sol bordava sombras nas folhas da bananeira,
e o tempo — menino cansado —
dormia ao pé do muro.
Havia cheiro de pão no forno,
risadas que dançavam com o vento,
e galinhas que ciscavam segredos
no silêncio da terra úmida.
Cresci.
Mas o quintal ficou em mim:
com suas árvores tortas
e suas tardes cheias de histórias
ditas sem palavras.
A vida seguiu.
Mas, às vezes,
quando fecho os olhos,
a menina que fui
vem me visitar, descalça.
Traz nos braços
flores que não existem mais —
mas ainda perfumam.
E eu, com os fios prateados do tempo,
sorrio para ela.
Porque, no fundo,
eu nunca saí dali.