O véu silencioso que cobre as noites de julho
cheira a você
a nós
a cada palavra trocada entre dois amantes
inocentes
do amanhã.
Ainda cheira aos fios dourados
infestados de palavras doces
que roçam a pele como um sussurro gelado
do que já foi
e que não volta mais.
Vaga pelo céu escuro
seu invisível preenche
enche de estrelas
tão brilhantes que alimentam a alma
diminuem a pressão
fazem vibrar.
lembro me das gotas
azuladas de saudades
que pingam sobre nós
encharcados de memórias
no escuro
em meio ao ar gélido da madrugada
risadas silenciosas.
Agora
observo as notas dançando contra o vento
perfeitamente harmoniosas
e derreto
escorrendo pelas ruas
buscando
mais uma vez
seu calor
a procura
da ingenuidade
que estilhaçou-se delicadamente
nas pacíficas noites de julho.