Luana Santahelena

A Vontade do Corpo

Eu sou este corpo

sem fronteiras —

onde começa o toque,

onde se dissolve o meu nome,

onde te procuro e me perco.

 

Sou a vontade insaciável,

o mergulho silencioso

nas profundezas do que não se diz —

um afogar lento em ti,

na sombra que habita o desejo.

 

Te amar é um vazio que transborda,

um espaço quebrado

que preenche o silêncio do meu ser —

palavras não alcançam

o que pulsa em cada ausência.

 

Eu me entrego a este corpo,

que te chama em murmúrios,

que te deseja em sombras,

que te invoca no caos

da solidão que nos habita.

 

E no fim,

o apego não é senão

a ânsia muda

de agarrar os fragmentos

do que fomos,

do que escapou

entre os dedos da memória.