Eu sou este corpo
sem fronteiras —
onde começa o toque,
onde se dissolve o meu nome,
onde te procuro e me perco.
Sou a vontade insaciável,
o mergulho silencioso
nas profundezas do que não se diz —
um afogar lento em ti,
na sombra que habita o desejo.
Te amar é um vazio que transborda,
um espaço quebrado
que preenche o silêncio do meu ser —
palavras não alcançam
o que pulsa em cada ausência.
Eu me entrego a este corpo,
que te chama em murmúrios,
que te deseja em sombras,
que te invoca no caos
da solidão que nos habita.
E no fim,
o apego não é senão
a ânsia muda
de agarrar os fragmentos
do que fomos,
do que escapou
entre os dedos da memória.