Versos Discretos

Soneto do Desejo Proibido

Tuas curvas se escondem na penumbra,
mistério que me arde sem tocar.
Nos seios, onde o verso quer pousar,
repousa o proibido — e nele mora

Na pele do teu ventre a sede assombra:
é flor secreta a se despetalar.
Quis descer entre aromas, respirar,
mas o pudor me empurra e me deslombra.

Coxas que são caminhos de perdição,
guardadas por um véu justo e ousado,
clamam pela carícia em combustão.

E a boca, entre os cabelos, lado a lado,
silencia o delírio em negação:
meu sonho é teu — mas vive acorrentado.