Luana Santahelena

Em Transe

corpos suados.

língua entre os dentes.

meu nome virando calor no teu ombro.

sorrisos — disfarces de um grito que cresce.

 

esqueci o tempo.

o instante: faca e flor,

a lâmina que toca e abre pétalas.

 

quero o toque que não pede,

a mão que hesita,

então invade, devagar,

feito carta sem data,

manchada de vinho e pressa.

 

clímax:

um silêncio que respira,

algo que não se diz em voz alta,

mas se escreve —

no espelho embaçado,

onde a nossa forma treme.

 

depois, teus olhos.

quietos.

como se tivessem visto

o mundo parar

só para nós.