Referrai

Menos que nós

Imaginei tudo sozinho:
de olhos no teto,
de mãos no estômago,
e o silêncio de nós.

Eu te fazia e desfazia.
Você era minha,
às vezes, era sua,
e, raramente, era nossa.

Brigamos e rimos —
isso tudo cabia num segundo
que, seguido de outro segundo,
esvaziava o sentido do anterior.

E te perdi.
Te perdi por causa de mim.
Nem algo, nem como, nem o que —
apenas eu: onde começamos
e onde acabamos.

Ser tudo isso,
imaginar vidas e passos
pra, no final, virar coisa:
menos que nós,
mais que só.