Luana Santahelena

O Coração como uma Casa de Aluguel

Meu coração não se alugou por necessidade —

foi o acaso, brincando de dono e morador.

Você entrou, olhou cada canto da minha alma,

e escolheu o abrigo onde quis repousar.

 

Dizem que é um lar simples, sem luxo ou ornamento,

com paredes de silêncio e teto de vidro ao vento.

Mas você viu além do que os olhos alcançam,

pintou os espaços cinzas com tons de sentimento.

 

Agora, meu peito é seu refúgio e endereço,

onde você muda o rumo sem pedir permissão.

Troca as cortinas de medo por cortinas de afeto,

e mesmo na desordem, reina a paixão.

 

Não me importo se reclama da bagunça,

pois sei que aqui é seu lugar de passagem e abrigo.

E quando partir, leve o que quiser,

mas deixe um pedaço seu guardado comigo.