Melancolia...

Só Resta Eu.

Meu pai partiu sem dizer adeus,
minha mãe calou-se antes do fim.
Ficaram as roupas, os retratos seus,
e um silêncio morando em mim,
grudado nas paredes como enfim.

 

O tempo passou e ninguém ficou,
nem amor, nem um quase, nem tentativa.
Quem chegou, logo se retirou,
e eu fiquei com a dor que se cativa,
com a solidão que nunca alivia.

 

Não tem ninguém pra saber meu dia,
pra perguntar se dormi, se comi...
Nem um “cheguei”, nem uma alegria,
só eu e o que nunca sorri,
só eu e o nada que veio de ti.

 

Aprendi a viver meio por costume,
com o peito oco, sem direção.
Tudo em mim virou esse resumo:
falta, perda, nenhuma mão,
e um quarto cheio de solidão.

 

Se um dia eu cair, nem vão notar.
Não há quem venha, nem quem escute.
O mundo segue sem me chamar...
Só resta eu —
e o que em mim não substitui.

4 jul 2025 (10:46)