Eram apenas sombras, dispersadas,
Sem mapa, sem abrigo, sem chegada,
Até que o acaso, em suas mãos fechadas,
Ofereceu o risco — e a alvorada.
Não foi paixão de febres desatadas,
Mas gesto que regou terra calada:
Broto improvável entre ruínas dadas,
Um lar no vão da dor enraizada.
Quando o mundo sangrou seus alicerces,
Fincaram-se no medo — e, lado a lado,
Ergueram do silêncio suas fortalezas.
Que importa o canto alheio, mais sonoro?
Só esse amor os acende e dá sentido.
L. R. Ramos, julho de 2025.
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