L. R. Ramos

Raiz de Dois (O Maior Amor do Mundo)

Eram apenas sombras, dispersadas,
Sem mapa, sem abrigo, sem chegada,
Até que o acaso, em suas mãos fechadas,
Ofereceu o risco — e a alvorada.

Não foi paixão de febres desatadas,
Mas gesto que regou terra calada:
Broto improvável entre ruínas dadas,
Um lar no vão da dor enraizada.

Quando o mundo sangrou seus alicerces,
Fincaram-se no medo — e, lado a lado,
Ergueram do silêncio suas fortalezas.

Que importa o canto alheio, mais sonoro?
Só esse amor os acende e dá sentido.

L. R. Ramos, julho de 2025.


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