Lembro-me da primeira vez que viajei de ônibus
Era uma criança aflita, mal conhecia as maldades da vida.
Compltamente a mercê dos outros
As mãos nos bolsos, contida.
posso dizer que odiei;
Já acostumado com a odiar
Me veio a mente outra forma de olhar,
de gastar o tempo da viagem.
Eu observo.
Cultivo na memória cada universo que adentra o ônibus.
Os que pulsam dentro das pessoas,
ou em cada página de um livro qualquer.
Tem mais constelações ali que em qualquer parte do céu noturno
Um universo passou por mim um dia desses,
Era quieto, calmo. Um tanto soturno
O anil de seu moletom, tinha som de jasmim
e cheiro de sensatez
No centro de sua vastidão
Uma luz queimou minha compreenssão
Pensei ser o sol da manhã,
mas era apenas seu coração.
Quando desci no ponto
Palavras orbitaram minha mente
queria ter coragem de dizê-las a ele
Espero vê-lo de novo daqui pra frente
Sem medo de entregar meu universo,
e conhecer o dele.