Alvejados
Feito uma flecha certeira,
sua fala me alvejou.
Disse que eu não sabia amar,
que era indigno do seu amor.
E o melhor era partir sem temor,
porque do seu licor
meus lábios jamais voltariam a experimentar.
Uma vez que eu não sabia amar,
tampouco seus abraços aproveitar.
E assim, extenuamos aquele amor
que eu jurava ter frescor de licor,
quando, na verdade,
você só sentia o amargor
da língua desse mudo poeta
que nunca se declarou,
deixando o tempo e o silêncio nos distanciar –
mesmo lado a lado.
Agora eu te entendo, amor.
Não posso ficar calado
diante de tanto calor e frescor.
O sentimento,
ainda que não seja genuíno,
precisa ser despido
para o ser amado —
senão,
seremos alvejados.