Ah, que peça trágica o tempo escreveu! já fostes meu par na dança da vida, meu cúmplice em travessuras e risos
Meu espelho, meu eco, meu mundo inteiro.
Mas, oh que capricho cruel do destino!
Hoje cruzamos a mesma estrada como meros figurantes da história alheia.
Olhos que um dia brilharam, agora se desviam.
Vozes que um dia chamaram, agora se calam.
Tola é a memoria, que ri de nós dois!
Traz-me canções que já não cantamos.
Mostra-me cenas de tempos dourados
Enquanto na realidade,vestimos máscaras e fingimos não lembrar do enredo.
Ah, mas confesse, nobre espectador da saudade:
Se a vida nos desse um palco vazio
Seriamos ainda os mesmos
Ou apenas sombras de quem fomos?