Não sei por onde começar,
mas vamos lá.
Sabe aquela sensação de ser um nada?
De se sentir lixo por dentro,
como se existisse um peso invisível
te puxando pra baixo,
te prendendo no chão?
É assim que me sinto.
Fazem cinco dias.
A vontade de não levantar,
de continuar deitada,
de comer sem parar,
mesmo sem fome,
sem vontade.
Eu odeio isso.
Mas é o que tem sido.
O cansaço...
virou parte da rotina.
Não só o físico —
o outro, aquele que ninguém vê.
Sabe quando se está tão esgotada
que o corpo simplesmente apaga?
Aconteceu ontem.
Eu apaguei.
E nem percebi quando dormi.
Hoje à tarde ouvi:
“Ela riu, brincou,
falando que você nem dormia,
mas estava até roncando ontem.”
KAKAKAKAKAKAK.
Riram. Tudo bem,
que riam.
Não me importo.
Ou talvez me importe,
só que nem sei mais dizer.
Sabe o Dazai?
Aquele dos vídeos de anime no TikTok.
Então...
Eu me vejo nele.
Cansada.
Exausta.
Mas com um tipo de desistência silenciosa.
Sabe aquela dúvida que morde por dentro?
A que diz:
“Será que isso tudo é real?”
Eu tenho essa dúvida todos os dias.
Quando ridicularizam o que você sente,
repetidas vezes,
chega um ponto
em que você mesma começa a se questionar.
Será que estou inventando tudo isso?
Será que sou só drama?
Será que... nada disso existe de verdade?
Você entra num limbo —
uma névoa entre o real e o inventado.
E fica presa ali.
E eles continuam.
De novo.
E de novo.
E de novo.
E isso nunca para.
É um ciclo.
Um ciclo interminável.
Tão constante
que você começa a atuar sua própria dor,
sem saber mais onde termina o sentimento
e começa a performance.
Eu tô nessa.
Fico parada,
olhando pro nada,
tentando descobrir se isso tudo é verdade.
Se o que eu sinto é mesmo dor
ou só mais uma encenação.
Aí, o choro para.
Mas volta depois.
E eu choro de novo.
Não pareço mais eu.
Sou só mais uma coisa.
O quê?
Nem sei dizer.
Já chorei tanto,
já parei no meio do nada,
como se fosse duas pessoas
dividindo o mesmo corpo.
Mas eu sou uma só.
E isso dói.
Dói como se algo rasgasse por dentro.
Dói muito.
E o pior:
às vezes a dor até some...
mas volta.
Volta mais forte.
E me derruba.
Minha mãe me diz todos os dias:
“Eu te amo.”
E eu respondo:
“Também te amo, mãe.”
Mas parece vazio.
Não porque eu não a amo.
Claro que amo.
Mas parece que minha alma
se partiu em tantos pedaços
que agora não sei mais como demonstrar.
Eu queria explicar tudo isso.
Mas não consigo.
Nem sei por onde começar.
A única coisa que sei
é que eu só queria descansar.
Às vezes...
eu só queria
ficar na cama
sem ter que existir.