Você ergue o lamento como um troféu,
mas foi sua mão que cavou o buraco no chão.
Veste a dor e ressentimentos como um traje nobre,
mas é o soldador metalúrgico do próprio cárcere.
Sua \"generosidade\" por fora é um gasto
por trás, as suas ambições
que você engole como veneno,
[ e me cobra sem nenhum alento]
e me cospe em forma de inveja.
Não fui eu que desenhei
as grades que você chama de destino.
Seu sacrifício todo é mentira
você só teme o peso da sua própria sombra.
Quarenta e nove anos são espinhos
colhidos no jardim que você plantou.
[ E mesmo assim, a pior coisa a se colher é a frustração de não ter colhido nada]
O seu orgulho, um carrasco silencioso,
o fracasso, um fantasma que você alimenta.
A culpa não é do mundo, não sou eu,
[ nem o meu nascimento, do seu sangue correr em meu corpo por inteiro]
não é do tempo, não é da sorte.
É do seu medo, da paralisia pura,
que insiste em chamar de vida
o que é apenas a sua própria renúncia e covardia.