Cada sol que nasce é página nova
pra gente escrever no caderno dos encontros.
Não precisa letra bonita, nem verso sabido.
Basta o cuidado miúdo, que nem formiga na beira da xícara.
Um olhar que toca o coração sem barulho,
um gesto que acalma a alma,
feito brisa que visita a tarde.
A presença firme, tronco de árvore antiga,
que sustenta até a tristeza mais pesada.
No outro, a gente encontra flor e raiz,
o pulso da força e o tremor da fragilidade.
E assim, lado a lado, vamos construindo nosso abrigo:
um ranchinho de verdade,
onde ninguém precisa ser sozinho.
Amar é escolher, todo dia, com a calma dos velhos,
a liberdade mansa que mora nos braços de quem acolhe.
Um afeto que brota da terra,
simples como pão fresco sobre a mesa.
E, de gesto em gesto, de escolha em escolha,
vamos enchendo as páginas desse livro sem capa,
mas com a beleza mais funda:
a da partilha que o tempo não apaga.