Luana Santahelena

O Caderno do Viver em Comum

Cada sol que nasce é página nova

pra gente escrever no caderno dos encontros.

Não precisa letra bonita, nem verso sabido.

Basta o cuidado miúdo, que nem formiga na beira da xícara.

Um olhar que toca o coração sem barulho,

um gesto que acalma a alma,

feito brisa que visita a tarde.

A presença firme, tronco de árvore antiga,

que sustenta até a tristeza mais pesada.

 

No outro, a gente encontra flor e raiz,

o pulso da força e o tremor da fragilidade.

E assim, lado a lado, vamos construindo nosso abrigo:

um ranchinho de verdade,

onde ninguém precisa ser sozinho.

Amar é escolher, todo dia, com a calma dos velhos,

a liberdade mansa que mora nos braços de quem acolhe.

Um afeto que brota da terra,

simples como pão fresco sobre a mesa.

 

E, de gesto em gesto, de escolha em escolha,

vamos enchendo as páginas desse livro sem capa,

mas com a beleza mais funda:

a da partilha que o tempo não apaga.