joaquim cesario de mello

PORTA ENTREABERTA

 

E quando tudo não mais

representar a inquietação de viver

e a alegria sofrente de amar

nem mesmo uma valsa vienense

nas cordas da minha alma vibrar

 

E quando tudo se for

inclusive a completude ao redor

feito bolha de sabão ao se desintegrar

e o medo de perder não mais retornar 

pois nada mais há a perder ou lembrar 

 

É então chegada a hora

de apagar os retratos

me despojar dos relógios

desbotar os calendários

descer do tablado e sair do teatro

deixando a porta entreaberta

para os próximos que ainda vão entrar