Joana Darque Da Silva Dario

Solidão

A solidão me perturba; não há quem possa arrancá-la de mim.
Essa dor invisível, incapaz de transparecer em minha face —
Algo pujante, que me puxa para baixo.

Essa dor que me faz chorar, gritar por dentro, gritar em busca de socorro...
Grito esse em vão, pois ninguém me ouve.
Apenas são sussurros irrelevantes, incapazes de serem ouvidos,
Atendidos por qualquer Deus.

Essa dor mórbida, que me perturba sem nenhuma razão,
Esse oco, esse vazio em meu peito, me causa tanta dor.
Arranca de minhas têmporas tintas de sangue,
Pinta o véu da minha pele, pinta meu corpo encarnecido,
Deteriora minha matéria morta, sem vida.

Essa dor funda,
Essa dor profana, sem sentido,
Que me prende às correntes da solidão.

Essa dor fria, inorgânica, sem vida,
Me faz refém de mim mesma —
Refém dos meus medos, refém dos meus pesadelos.
Ela me mata aos poucos,
Mata os últimos rastros de vida em meu peito.

Joana Darque