Tua voz costumava me guiar por entre as vestes que um dia vesti, a linha do meu ser mantinha-se alinhada na pequena espessura que a rodeava, uma agulha quase sempre rígida trançava curvas desordenadas nos tecidos de pele clara, que custavam boas pratas por onde os passava; o podre odor de sentir-se um algo sem valor inalava as narinas afogadas em pavor, tu que costumavas sempre sorrir agora pareava com o nada de um dia logo ali, a surdez que me fazia ouvir, o silêncio do barulho da máquina de costura me rondava toda vez que te via rir e escrever poesia era um ato de covardia, do covarde poeta que sequer saberia um dia.