Passei pelo inferno sozinho,
nas madrugadas que chorei,
achando que viver
era pior do que morrer.
Na escuridão, uma voz ecoava —
como explicar,
se eles não sentem?
Se não estão na minha pele?
Foram vinte e um dias
entre muros brancos,
olhares vazios,
e silêncios longos.
Hoje, aliviado por não estar morto,
aliviado por poder, enfim,
viver.
Ao sair, vi cores
onde antes só via
preto e branco.
Senti-me vivo.
Quero viver,
quero amar
e ser amado.
Quero beber o mundo em goles de alegria,
quero provar sabores com a alma,
quero viajar por terras distantes,
ver o mar, as montanhas,
as luzes da cidade e o silêncio do campo.
Quero viver,
simplesmente viver.
Minha mente, antes tempestade,
hoje é mar calmo,
ondas suaves que tocam a areia
sem pressa.
Foi no colo de Oxalá
e no sopro de Xapanã
que encontrei
razões pra continuar.
Hoje, mais do que nunca,
agradeço por estar vivo.
Vivo pra amar,
pra criar,
pra ser quem eu sou.
Vivo,
sem me esconder atrás de diagnósticos.