tiagocristão

Café de esquina


Visitei aquele café,
o da esquina, de frente pro mar.
Sentei no mesmo lugar de sempre.
Fiz o mesmo pedido:
um café forte e quente.

Bebi aquele amargo...
Mas não,
não era o café —
ele estava doce.

O banco vazio me fez lembrar
de tantas tardes,
de conversas —
a maioria, bobagens.
Risos tímidos, risos extravagantes,
de todo tipo.

Lembro do seu rosto,
do seu capuccino,
do seu jeito,
e daquele abismo
escondido nos seus olhos escuros.

Agora, essa mesa é só minha.
Nela não há mais alento.
A alegria faz silêncio.
O café já não é o mesmo.
E aquela cafeteria da esquina
não é mais um conforto.